Segue a entrevista:
Em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, Juliana e Larissa falam sobre o relacionamento nem sempre tranquilo entre as duas, a expectativa pelo inédito ouro olímpico, lesões e, claro, sobre as mudanças nos critérios da Federação Internacional de Voleibol (FIVB) para definir as duplas classificadas para Londres. Confira:
Com a classificação olímpica garantida, como está o planejamento de competições até os Jogos? Vocês pretendem ir a todas as etapas dos circuitos Brasileiro e Mundial até Londres?
Com a classificação olímpica garantida, como está o planejamento de competições até os Jogos? Vocês pretendem ir a todas as etapas dos circuitos Brasileiro e Mundial até Londres?
Juliana: Vamos fazer tudo como sempre fizemos. Vamos jogar para ganhar ritmo, retomar a confiança. Não adianta treinar, treinar e não jogar.
Larissa: Vamos jogar a etapa da Áustria apenas 15 dias antes dos Jogos de Londres.
O ano de 2012 é o mais importante da carreira de vocês?
Juliana: Sim, porque todos os outros já passaram e porque sempre que começa uma nova temporada é um novo desafio. Só que agora vamos fazer tudo com mais vontade ainda.
Na abertura do Circuito Mundial de 2011, em Brasília, ficou claro que o clima entre vocês não era dos melhores, mas vocês garantiram que isso não iria interferir nos resultados em quadra. E realmente não interferiu, vocês ganharam tudo no ano passado. Qual o segredo da dupla para manter o foco nas vitórias, mesmo quando a relação entre vocês não é das melhores?
Larissa: Vários fatores contribuem para isso. O tempo que estamos juntas dá confiança e não pensamos no que passou. Somos como máquinas mesmo, não temos tempo para lembrar do que ficou para trás.
Juliana: Tenho um amigo flamenguista que me disse: 'O Pet cruzou para o Edílson fazer o gol de cabeça e o Flamengo foi campeão. E eles não se falavam'. Como a gente consegue separar os lados pessoal e profissional, não sei dizer. Por mais que uma faça coisas que a outra condene, estamos sempre lado a lado. O que nos motiva é a vontade de vencer. (Juliana refere-se ao segundo gol do Flamengo na vitória sobre o Vasco por 3 a 1, que valeu o tricampeonato estadual ao Rubro-Negro em 2001).
Só falta o ouro olímpico para o currículo de vocês. Como vocês lidam com a proximidade dos Jogos de Londres-2012? Com naturalidade, ansiedade ou nervosismo?
Juliana: Nem sei. Em tantos anos de parceria, ganhamos tudo, mas nunca jogamos uma Olimpíada juntas. Isso é inacreditável. O que posso dizer é que vou entrar em quadra trincando os dentes, com olho de tigre. A Larissa está me devendo esse ouro e eu a ela.
Vocês temem que a história vitoriosa de vocês fique manchada caso não conquistem o ouro olímpico?
Larissa: Não. Nossa dupla é bastante vitoriosa. Já mostramos do que somos capazes. Depois da contusão da Juliana (pouco antes de Pequim-2008), conquistamos muitas coisas em 2009, 2010 e em 2011 nem se fala. Se o ouro não vier, não será uma frustração nem uma mancha na nossa carreira.
No início do ano olímpico, a FIVB mudou o critério para definir as duplas classificadas para Londres. Agora serão as confederações que vão indicar seus representantes. O que vocês acharam dessa mudança de regras?
Juliana: Acho que a CBV vai ser sensata na definição das duplas. Afinal, a entidade também quer que o Brasil conquiste uma medalha de ouro. Como era antes (pela colocação no ranking mundial), é justo pelo esforço feito ao longo da temporada. Mas, das duas maneiras, o desempenho do atleta é o que vai credenciá-lo para disputar os Jogos. Será levado em conta sempre o critério de convocar aqueles atletas que estão com bons resultados e com condições de representar bem o país. Agora a CBV pode definir previamente um possível substituto em caso de lesão e já começar a treiná-lo junto, mantendo-o em stand by.
Larissa: Tenho certeza que haverá sensatez na convocação dos atletas mais bem ranqueados. A CBV vai conversar com os técnicos para evitar injustiças. Até pelo que houve conosco em 2008 (contusão de Juliana), entendo essa mudança. É uma forma de a confederação se proteger. Com a nova regra, eles podem definir antes quem será o substituto de um atleta lesionado, ou se haverá condição de esperá-lo ou não. Não é qualquer jogadora que pode disputar uma Olimpíada. Haverá um critério técnico, já que o atleta tem que ter um número de etapas disputadas no Circuito Mundial. Uma dupla que joga junta há muito tempo tem mais chances de conquistar medalha do que uma formada às pressas. Essa mudança é uma maneira de proteger a vaga do Brasil nas Olimpíadas.
Larissa: Tenho certeza que haverá sensatez na convocação dos atletas mais bem ranqueados. A CBV vai conversar com os técnicos para evitar injustiças. Até pelo que houve conosco em 2008 (contusão de Juliana), entendo essa mudança. É uma forma de a confederação se proteger. Com a nova regra, eles podem definir antes quem será o substituto de um atleta lesionado, ou se haverá condição de esperá-lo ou não. Não é qualquer jogadora que pode disputar uma Olimpíada. Haverá um critério técnico, já que o atleta tem que ter um número de etapas disputadas no Circuito Mundial. Uma dupla que joga junta há muito tempo tem mais chances de conquistar medalha do que uma formada às pressas. Essa mudança é uma maneira de proteger a vaga do Brasil nas Olimpíadas.
Como vocês veem o futuro da dupla depois de Londres-2012, com ou sem o ouro?
Juliana: Vamos pensar em 2012, que acabou de começar. Ainda não existe 2013 para a gente, você está querendo demais. O futuro da dupla não depende deste ouro.
Vamos fazer um exercício de futurologia ainda maior. Vocês já sonham com o ouro olímpico no Brasil, em 2016?
Juliana: Quem sabe encerrar a carreira como campeãs olímpicas dentro do nosso país. Passaria um mês sem dormir. Mas, repito, isso está muito longe ainda. Vamos pensar em 2012.
Larissa: A gente teve uma experiência muito legal no Pan de 2007, com as pessoas gritando o nosso nome quando vencemos a final. O ouro em 2016 seria uma emoção muito grande, nem sei como reagiria, teremos que nos preparar para tudo isso. E a torcida será o terceiro jogador.
As contusões fizeram parte de momentos marcantes da dupla. Vocês se conheceram em 2001, mas só conseguiram estrear juntas em 2004, por causa de lesões das duas. Em 2008, aconteceu a lesão de Juliana antes de Pequim. Com sinceridade: com os Jogos de Londres se aproximando, vocês têm receio que uma nova lesão aconteça com uma de vocês?
Juliana: Não tem como você prever uma lesão. Por mais que você se cuide, treine menos, se poupe, não tem jeito. O movimento que eu fiz e me machuquei em 2008 é o mesmo que já fiz milhões de vezes na minha vida. Tinha que ser. No último Réveillon, fiz todas as simpatias que você possa imaginar para que tudo corra bem esse ano. Peguei uma rosa que alguém já tinha oferecido a Iemanjá, mas o mar trouxe de volta à areia, e joguei de novo. Vale, não vale?
Larissa: Só estou pensando nisso agora, porque você está me perguntando. Nem me lembro mais do que aconteceu. Talvez quando chegar mais perto dos Jogos, venha alguma lembrança de 2008. Quando a gente entrar no avião a caminho de Londres, vai ser um alívio. Quando chegarmos lá, vamos jogar por 2008 e 2012.
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